Originalmente publicado na X-Ray Mag #99 (Julho/20), e seu autor é Robert Williams. Clique na imagem ao lado para ler o artigo original.
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[Deep in Dive]: Robert Williams nos mostra em seu artigo, de maneira extremamente didática, os “porquês” e “comos” de muitos detalhes e aspectos da configuração dos cilindros no Sidemount. Indo além de propor soluções mágicas para os problemas mais comuns, ele nos brinda com um ponto de vista objetivo, simples e justificado sobre como ajustar mosquetões, elásticos e cintas. Ainda que tenha aspectos que possam ser interpretados como pessoais, vale demais a leitura e a reflexão sobre seu setup atual.
Eu gosto de Sidemount. Frequentemente, de brincadeira, menosprezo a configuração, mas gosto dela. Pode ser confortável e simplificado. Pode ser muito flexível. Há um argumento a defender, sobre sua redundância completamente isolada. Principalmente, é bom para se mover por lugares não maiores que o espaço abaixo de sua mesa de centro.
O básico da configuração dos cilindros no Sidemount
O que não é – como infelizmente foi vendido com tanta popularidade – é algo tão fácil quanto comprar-se um novo colete e colocar dois cilindros nas laterais.
Há uma tonelada de coletes de Sidemount no mercado, cada um com suas vantagens e desvantagens. Alguns são mais ponderados no lado dos benefícios; alguns são uma porcaria completa. Para todos eles, vai depender muito do seu tipo de corpo, filosofias, cilindros preferidos e estilo de mergulho. Mais importante ainda, ao contrário do que qualquer um pode dizer, não existe um sistema perfeito.
Não vou escrever mais sobre os vários sistemas existentes, mas há muitas informações online sobre essa diversidade. Obviamente, apenas um pequeno punhado desses sistemas é usado em grande número, mas é interessante ver as diversas tendências e ideias no mercado.
Também há muita conversa sobre como as torneiras devem ficar (ou seja, reguladores “para baixo”, faces da torneira apontando para a sua frente quando os cilindros está de pé; ou reguladores “para cima”, torneiras apontando para trás quando os cilindros estão de pé; existe até uma versão modificada em que as manoplas das torneiras apontam retos para baixo, com seus reguladores apontando para dentro, em direção ao seu corpo). Existem prós e contras para cada um deles também, mas não vou discuti-los aqui além de dizer: “Apenas use seus reguladores”.
Posicionamento adequado
O que eu queria abordar é algo com o qual vejo as pessoas mais lutando: fazer com que seus cilindros de Sidemount fiquem de fato ao seu lado.
Você reparou como os cilindros estão bem nesta linda foto de SJ Alice Bennet? (Foto 1, no alto deste post). Torneiras nas axilas. Cilindros perfeitamente paralelos ao corpo, ao longo de uma linha reta do ombro ao joelho – não quebrando acima ou abaixo do perfil do corpo. Reguladores e torneiras completamente protegidos pelo seu corpo, tanto de danos como de perturbações da água, para criar uma ampla plataforma hidrodinâmica.

É isto! Isso é o que você está procurando. Não isso (Foto 2), que é visto com muita frequência. Veja o perfil do boneco… Então, não vamos fazer isso.
É isso que pretendemos (Foto 3). A forma como fazemos isso é uma das razões pelas quais o Sidemount é um grande aborrecimento – porque requer um punhado de ajustes, que são todos complicados, completamente dependentes do seu perfil pessoal e para os quais até mesmo centímetros são importantes.

Nos termos mais simples, há apenas duas coisas que precisam ser ajustadas: o mosquetão e o elástico (bungee) do gargalo do cilindro… mas cada um deles tem algumas subseções. Veja abaixo:
Mosquetão
• Altura
• Comprimento da trela
• Ângulo
Elástico no gargalo do cilindro
• Altura
• Comprimento do loop
• Força
Parece fácil, certo? Pois é… não deve levar mais de meia dúzia de mergulhos (pelo menos) sob supervisão, com algum feedback de vídeo, seguido de ajuste fino com pequenos ajustes sistemáticos após cada mergulho, para acertar. Mas se você é uma daquelas pessoas que decidiu que iria descobrir por conta própria (pare com isso, faça uma aula adequada), vamos começar.
Mais uma coisa que quero dizer desde o início: não há como cobrir, nestas páginas, todas as nuances de como as coisas são perfeitamente ajustadas – simplesmente há muitas variáveis. Uma das maiores são os cilindros de aço versus alumínio (AL). Os primeiros apenas ficam pendurados onde você os prende, enquanto os últimos precisarão ser recolocados em um conjunto de D-rings mais próximos da sua barriga, talvez várias vezes, ou precisará de D-rings deslizantes para compensar a mudança de flutuabilidade. Honestamente, os cilindros de aço são mais fáceis.
[Deep in Dive]: Existe aqui uma importante consideração, inclusive em termos da sua segurança, quanto ao uso de cilindros de aço. Eles aumentam de maneira significativa seu lastreamento, de modo que é fundamental para o uso deles, que você OU esteja usando uma roupa seca, OU disponha de uma contingência de lift (sua flutuabilidade), como por exemplo um colete com células redundantes (duas boias dentro dele, com duas traqueias).
Como lá fora (pensando em termos de Brasil), principalmente nos EUA, o uso de roupa seca é muito mais comum do que por aqui, o artigo não faz menção a isso, mas você deve pensar nesse aspecto ao planejar sua configuração.
Pense neste artigo mais como um guia de solução de problemas, usando os cilindros de alumínio AL-80, mais problemáticos, como base. Os cilindros de aço serão mencionados apenas de passagem.
Cintas e Mosquetões

Altura. Este é o primeiro lugar para começar e, sem dúvida, a coisa mais fácil e óbvia de ajustar (Foto 4).
Nessa foto, há algumas alturas exageradas de cintas. Resumindo, por mais alto que a cinta esteja no cilindro, irá determinar, em grande parte, o quão alto ou baixo em seu corpo o cilindro irá ficar. Isso também vai depender se você está usando alguma versão de butt-plate ou se está prendendo os cilindros no harnes da cintura.
Em qualquer caso, você pode começar com uma fita métrica. Meça a distância de um ponto confortável em sua axila até onde você espera fazer seu ponto de fixação, seja na tira da cintura do seu colete, seja no trilho do butt-plate, se você estiver usando um. Em seguida, meça do gargalo do cilindro para baixo e faça uma marca com lápis no cilindro, na mesma distância.
Aí está… esse é o ponto de partida da altura da sua cinta. Ainda poderá precisar de algum ajuste fino mais tarde, claro, mas está perto do ideal.
Comprimento do rabicho. Este cabo/elástico é o pequeno trecho de fio de linha estática que prende seu mosquetão à cinta de fixação no cilindro.

Aqui, você vê um longo e um curto (Foto 5). Observação: apontar para cima ou para baixo não importa – apenas certifique-se de que estejam da mesma maneira em ambos os tanques; caso contrário, seus mosquetões terão alturas diferentes o suficiente para serem realmente irritantes.
Isso também é bastante fácil. É a distância do seu ponto de fixação até onde você deseja que o tanque fique.
[Deep in Dive] – Embora respeitando a opinião do autor, tendo a discordar de que tanto faça… em especial se os cabos utilizados para prender os mosquetões forem tão finos quanto os mostrados na Foto 05, o risco de o cabo se soltar da cinta quando o você está na vertical (entrando ou saindo da água, por exemplo), é grande.
Se o mosquetão for presos à cinta orientado PARA BAIXO, o rabicho terá um ponto natural de atrito, conforme mostrado na foto ao lado. A segurança é maior. Também por conta disso, costumo recomendar sempre o uso de cabos mais largos para fazer os rabichos, ao invés de simplesmente usar pedaços de cabo de spool para essa função (novamente, repare a foto ao lado).
Como mencionei, a maioria dos cilindros de aço tende a ficar parados, em termos de flutuabilidade. Se você estiver usando cilindros de aço, provavelmente está usando um butt-plate, o que significa que precisará de cabos mais longos. Comece com cerca de 7,5 cm (mais comprido se você tiver quadris grandes, mais curto se for estreito) e, em seguida, ajuste ao ver como seus cilindros ficam. Feito isso, você está praticamente pronto; prenda-os e mergulhe.
Se você estiver usando cilindros de alumínio, provavelmente vai querer os cabos o mais curtos possível para manter os cilindros sob controle mais rígido. Isso é praticamente tudo para o comprimento do rabicho.